FR. SAVONAROLA X CARLOS VIII

 

 
 
 
Quando Deus está com o profeta, nada o vence.
 
Por: Mons. Audin e Pe. de Jorry
 
Tradução por: Gabriel Sapucaia

Quando Carlos VIII chegou a Florença, exigiu dos cidadãos cento e vinte mil escudos de ouro de que precisava para continuar sua marcha. Ele deu vinte e quatro horas para levantar essa quantia. Não se conseguiu completá-la, e o monarca, enfurecido, ameaçava reduzir a cidade a cinzas. “Batem à porta do monge – Irei encontrar o rei”, disse Jerônimo. A princípio, os oficiais se recusaram a admiti-lo. Ele insiste. Eis o religioso e o monarca frente a frente. “Savonarola, abrindo sua túnica, revela um crucifixo que havia trazido, e, passeando-o lentamente diante dos olhos do príncipe: 'Senhor', disse-lhe, 'conheces esta imagem? É a imagem de Cristo, morto por ti, morto por mim, morto por nós na cruz, e que, ao morrer, perdoava seus algozes. Se não me escutas, ao menos escutarás aquele que fala por minha boca, e que criou o céu e a terra, o Rei dos reis, que dá a vitória aos príncipes, seus bem-amados, mas que pune seus inimigos e derruba os ímpios. Ele te humilhará no pó, a ti e aos teus, se não renunciares aos teus projetos homicidas, se quiseres, como disseste, reduzir a cinzas esta infeliz cidade, onde há tantos servos de Deus, tantos pobres inocentes que clamam diante de sua face, noite e dia. Essas lágrimas desarmarão a majestade do meu Deus; serão mais poderosas do que tu e todos os teus canhões. Que importa ao Senhor o número e a força? Conheces a história de Senaqueribe? Sabes que Moisés e Josué não precisavam para triunfar senão de algumas palavras de oração? Nós rezaremos, se não perdoares. Queres perdoar?'

Ao concluir, o dominicano agitava diante do rosto de Carlos VIII a imagem de Cristo. O príncipe, como se aquela imagem fosse de fogo, tentava virar a cabeça; mas estava vencido: fez sinal de que perdoava. E, ao sair do palácio, Savonarola anunciava ao povo reunido o sucesso de sua missão, e gritava aos ricos: 'Tragam-me grãos, vinho, roupas para este povo pobre, que sofre de fome, de sede e de frio.'

 

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